Dissertações Defendidas - 2021

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação

Título: As Estratégias de Construção da Autenticidade na Democracia Digital do Século XXI

Autor(a): Felippe Pimenta Rodrigues de Oliveira
Orientador(a): Paolo Demuru
Data da defesa: 11/02/2021

Resumo: O presente trabalho propõe uma análise acerca das estratégias discursivas de construção da autenticidade empregadas entre as lideranças políticas na rede social Instagram. Temos que após uma “crise “fiduciária”, caracterizada segundo Landowski (2020) pela perda de confiança nas figuras políticas e nas instituições, muitos cidadãos se distanciaram das formas tradicionais de participação política. O que exigiu dos políticos o investimento em estratégias que os distinguissem daqueles que representam o “establishment”, em suma, eles não querem se confundir com a figura do político de profissão, buscam se mostrar pertencentes ao mundo dos humildes, do povo (LANDOWSKI, 2020), e para isso assumem um modo de presença do homem comum (DEMURU; SEDDA, 2020c). Esse homem comum, portanto, enquanto assunção de uma postura de negação da política reúne estratégias específicas de produção do efeito de sentido de autenticidade, sendo nosso objetivo identificá-las e analisá-las quanto à sua construção. A este respeito, temos como hipótese que sob o perfil semiótico o valor de autenticidade é construído a partir de arranjos figurativos e plásticos capazes de investi-lo de uma aura de aparente normalidade e simplicidade, um simulacro do sujeito comum que posta nas redes sociais, um cidadão que goza de uma vida comum e em comum com seus seguidores-eleitores. Para essa investigação e análise contamos com o suporte do referencial teórico-metodológico da semiótica discursiva de orientação greimasiana, em particular da semiótica figurativa e da semiótica plástica (GREIMAS, 1984; FLOCH, 1995; OLIVEIRA, 2004), da sociossemiótica de Landowski (2004; 2014; 2016) e das recentes contribuições da semiótica no estudo do populismo contemporâneo (DEMURU; SEDDA, 2020c, LANDOWSKI, 2020). O corpus de análise foi extraído de 45 perfis do Instagram previamente selecionados a partir de critérios específicos, e concentrou-se somente em imagens publicadas no feed de notícias da rede social no período entre 1º de janeiro de 2018 e 1º de setembro de 2020. Foram analisadas 99.434 mil imagens e como resultado identificamos 9 estratégias de construção da autenticidade: hexis e gestos; vestuário; a comida e o comer; tarefas ordinárias do dia a dia; a casa; família; os animais domésticos; o espaço do comércio popular; a plástica amadora das imagens.

Palavras-chave: Política; Autenticidade; Redes sociais; Semiótica Figurativa e Plástica; Sociossemiótica.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Semiopol - Semiopolítica dos Processos Socioculturais e Midiáticos.

Título: “O QUE NÃO É DEUS É ESTADO DO DEMÔNIO” - potência e atualização do imaginário simbólico do mal em documentos literários brasileiros do século XVI ao XX

Autor(a): Guilherme Santos da Silva
Orientador(a): Maurício Ribeiro da Silva
Data da defesa: 22/03/2021

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo realizar uma arqueologia do imaginário do Mal a partir de documentos literários brasileiros, identificando os elementos simbólicos associados ao Mal utilizados em diversos momentos históricos, visando compreender como tal imaginário alimenta ideologias que sustentam os grupos hegemônicos na medida que estratifica grupos sociais minoritários. O corpus para a análise é constituído das obras: Carta ao Rei de Portugal D. Manoel, de Pero Vaz de Caminha; O Guarani, de José de Alencar; A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; O Mulato, de Aluísio de Azevedo; Os Sertões, de Euclides da Cunha; e A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Por meio do método da análise de conteúdo, em tais obras serão identificados os símbolos presentes nas descrições de indivíduos ou grupos sociais não-hegemônicos para, em sequência, categorizá-los a partir da noção de Bacia Semântica proposta por Gilbert Durand. A hipótese central aponta para a correlação entre tais descrições e símbolos associados ao conceito de Mal, a partir da perspectiva cristã. O trabalho fundamenta-se na Semiótica da Cultura (Ivan Bystrina) e na Teoria do Imaginário (Gilbert Durand). No âmbito comunicacional, referencia-se nas contribuições de Malena Contrer, Alberto Klein e Mauricio Ribeiro da Silva.

Palavras-chave: Imaginário; Mal; Documentos literários.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: IMAGINAÇÃO SIMBÓLICA NA MÍDIA SECUNDÁRIA: a vestimenta ritual funerária

Autor(a): Celina Fávero Catarin
Orientador(a): Profa. Dra. Malena Segura Contrera.
Data da defesa: 29/03/2021

Resumo: Essa pesquisa tem como tema a relação entre a imaginação simbólica e a vestimenta funerária, que propõe compreender, por meio da indumentária feita por Arthur Bispo do Rosario para ser usada no dia de sua morte - O Manto da Apresentação -, a mediação entre o contexto sociocultural do artista e o imaginário pós-morte. O principal problema da pesquisa consistiu em buscar o que a indumentária fúnebre pode comunicar acerca do imaginário pós-morte. A esse respeito, a principal hipótese que conduziu a pesquisa foi a de que, ao passar anos preparando sua veste funerária, Bispo do Rosario se aproximou das práticas dos homens arcaicos no enfrentamento da morte. Como hipótese derivada, tem-se que, como mídia secundária, a indumentária é uma instância mediadora entre as partes no processo de comunicação e, por caracterizar-se como suporte, perpetua a vida dos símbolos. Como base para a fundamentação teórica e metodológica, foi utilizado o conceito de mídia secundária, criado por Harry Pross (1971) e apresentado por Norval Baitello Junior (2005), de mediação, a partir de Jesús Martin-Barbero (2002) e da distinção entre imagens endógenas e exógenas, de Hans Belting (2007) e apresentado por Malena Contrera (2016), além de outros autores que pesquisam a história da indumentária, como François Boucher (2010) e Patricia R. Anawalt (2011). Sobre a vida e a obra de Arthur Bispo do Rosario, foram utilizadas, entre outras, obras de Jorge Anthonio e Silva (2003), Marta Dantas (2009) e Luciana Hidalgo (1996). No campo da representação simbólica, as contribuições foram de Edgar Morin (1970; 1975), Mircea Eliade (1992), Carl Gustav Jung (1978; 1991; 2000; 2003) e Jean Chevaliere e Alain Gheerbrant (2001).

Palavras-chave: Imaginário; Morte; Bispo do Rosario; Indumentária fúnebre; Mídia secundária.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: A presença dos mitos arcaicos nos filmes de ficção científica: um estudo do filme Matrix e a sedução sombria da tecnologia no mundo desencantado

Autor(a): Gislene Lima Pereira
Orientador(a): Jorge Miklos
Data da defesa: 29/03/2021

Resumo: O tema desta pesquisa orbita em torno da presença dos conteúdos míticos arcaicos presentes na produção da Cultura de Massas contemporânea. As narrativas midiáticas transportam arquétipos, que atravessam a história do ser humano, criando formas de ser e estar em sociedade e de se relacionar com a realidade, o outro e a própria identidade. O objetivo é desvelar os conteúdos míticos arcaicos latentes na narrativa fílmica Matrix (The Matrix 1999), o corpus da pesquisa. O estudo é instaurado pelas perguntas problemas: quais conteúdos arcaicos/míticos latentes esses filmes transportam? Qual o resultado da apropriação dos mitos arcaicos pela Cultura de Massas? A hipótese se fundamenta na proposição de que as narrativas midiáticas são fenômenos que compõem imaginários que alimentam e são alimentadas pela cultura e atuam, de forma oculta, com arquétipos arcaicos e de forma explícita, com estereótipos midiáticos. Nessa linha, a suposição deste estudo se ancora no argumento de Edgar Morin e Malena Contrera no qual a Cultura de Massas se apropria do Imaginário Cultural e o transforma em produtos midiáticos padronizados para o entretenimento e consumo do grande público. O procedimento metodológico adotado é a pesquisa bibliográfica e exploratória orientada pela revisão da literatura. Para a análise da narrativa Matrix, é aplicada a perspectiva teórica do Imaginário Midiático (Mediosfera) proposta por Malena Contrera. Os resultados sugerem que a Cultura de Massas e o processo midiático de apropriação implicam a estereotipia do Imaginário Cultural. Consequentemente, na narrativa fílmica Matrix, os temas míticos são reconfigurados em clichês e estereótipos.

Palavras-chave: Mitos Arcaicos; Cultura de Massas; Imaginário Midiático; Matrix.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: Brumadinho: As Imagens dos Corpos na Cobertura Jornalística do Acidente

Autor(a): Elis Marina da Silva Souza
Orientador(a): Malena Segura Contrera
Data da defesa: 31/03/2021

Resumo: A presente pesquisa visou compreender os símbolos presentes nas imagens utilizadas na cobertura jornalística do acidente da barragem de rejeitos em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019.   O objetivo foi desvelar o que há por trás do fenômeno, os conteúdos simbólicos que aparecem, a fim de entender como os símbolos se revelam a partir do imaginário. O corpus contemplou as imagens utilizadas na cobertura jornalística em mídias impressas e digitais, como os jornais Folha de S.Paulo, Estadão e Estado de Minas, o Portal R7, G1 – portal de notícias da Globo – e também resultados de buscas realizadas com a ferramenta Google Imagens. Para entender os símbolos presentes nas imagens, foi empregado o método a partir da abordagem sistêmica e da complexidade, defendido por Edgar Morin, como o princípio hologramático. O referencial teórico contemplou autores como Harry Pross, Gilbert Durand, Carl Gustav Jung, Erich Neumann, Malena Segura Contrera, Norval Baitello Junior e Mauricio Ribeiro da Silva. Dessa forma, foi possível concluir que, ao observamos as imagens da cobertura, dando o tempo lento a elas, identificamos que as mesmas representavam a irrupção de conteúdos do imaginário, despertando a imaginação, propiciando relações e lembranças, pois as imagens, no aspecto simbólico aqui estudado, podem conter inúmeros símbolos em suas camadas mais profundas.

Palavras-chave: Corpo; Imagem; Imaginário; Midiatização; Brumadinho.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq:Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: Narrativas sobre O Punk em São Paulo: Cosmopolitismos, Gerações, Temporalidades

Autor: Felipe Luna Silvatti
Orientadora: Simone Luci Pereira
Data da defesa: 09/04/2021

Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar e interpretar os sentidos da (sub)cultura punk na cidade de São Paulo na atualidade, interpretando noções que envolvem cosmopolitismos, geração, memória e temporalidade inscritas nestes sentidos de identidades hoje em jogo. Identidades que alcançamos a partir das narrativas elaboradas por diferentes gerações de sujeitos envolvidos na subcultura punk, chamadas por Ricoeur (2011) e Vila (1996) de “identidades narrativas”. Como objetivos secundários, busco analisar: quais as estratégias de comunicação e expressão dos grupos urbanos identificados como punks, e como se dá a rede de comunicação e ajuda mútua constituída por bandas, produtores, espaços para organização dos shows, fanzineiros, blogueiros, sem perder de vista que os atores envolvidos representam, muitas vezes, mais de um papel nessa rede (o produtor também é músico, assim como o público, sem divisões estanques); o que é, de modo geral, o punk, isto é, como ele é representado em livros acadêmicos, jornalísticos e na imprensa diária a partir da gênese do punk na cidade de São Paulo; alguns exemplos de práticas musicais e expressivas dos punks, como a organização de festivais e a escrita e confecção de fanzines.  Como fundamentação teórica, procuro discutir conceitos fundamentais para a compreensão dos sentidos do punk, tais como cultura, subculturas, identidade, cosmopolitismos, juventude e usos da cidade. Por fim, analisar como os punks da primeira geração em São Paulo continuam ainda em atividade e como se dão as relações entre as diferentes gerações punks em atividade, salientando dinâmicas intergeracionais em suas disjunções e aproximações.

Palavras-chave: Punk; Cosmopolitismos; Gerações.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: UrbeSom - Grupo de Pesquisa em Culturas Urbanas, Música e Comunicação.

Título: Rádio Regional e Cultura Popular: O Patrimônio Cultural Imaterial na Migração de AM para FM - Análise da Zyd 869 Rádio Mantiqueira de Cruzeiro (SP) e da Zyv 514 Rádio Clube de Santo Antônio de Jesus (BA)

Autor: Elane Gomes Santos Coutinho
Orientador: Antonio Adami
Data da defesa: 12/05/2021

Resumo: O rádio no Brasil, ao longo da sua história, construiu uma relação arraigada com a cultura e tornou-se um importante instrumento de valorização das representações regionais. Atualmente, este meio passa por uma série de mudanças, entre elas, a migração da frequência AM para FM, processo que tende a alterar o modo como as emissoras estabelecem vínculos com a audiência.  O objetivo desta pesquisa é analisar como os conteúdos dos programas de rádios regionais que passaram pelo processo de migração se relacionam com a realidade cultural do local onde a emissora está inserida, verificando como esta relação se efetiva, considerando que rádios tiveram um papel importante na representação cultural de seus territórios, sendo verdadeiros patrimônios culturais imateriais. Duas emissoras de regiões diferentes do país constituem o objeto desta dissertação: uma delas é a Rádio Mantiqueira de Cruzeiro (SP), a mais antiga do Vale do Paraíba. Inaugurada em 1934, operou na frequência AM 550 kHz até 2016, quando foi desligada, restando apenas a Mantiqueira FM 100,7, fundada em 1980. A outra é a Rádio Clube FM de Santo Antônio de Jesus (BA), inaugurada em 1978. Permaneceu na frequência AM 680 kHz até 2017, quando migrou para a FM 92,7. O percurso metodológico deste estudo foi realizado a partir de pesquisa qualitativa de caráter exploratório, cuja estratégia foi a análise de conteúdo baseada no esquema categorial de Flores (1994). O resultado mostra que, apesar das mudanças, emissoras regionais migradas podem continuar exercendo seu papel sociocultural, quando adentram na cultura local, principalmente através de conteúdos que preservem a proximidade e valorizem os símbolos culturais, mantendo-se desta forma como patrimônio cultural imaterial. Já as rádios que trabalham mais com temas abrangentes, ou que não focam tanto em manifestações simbólicas locais, ainda que tentem algum tipo de proximidade, exercem uma representatividade parcial, enfraquecendo seu potencial de patrimônio imaterial. Além disso, o desligamento de emissoras AMs, representativas em suas regiões, deixa lacunas em seus territórios.
Palavras-chave: Rádio; Cultura Popular; Migração AM/FM; Patrimônio Cultural Imaterial
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia, Cultura e Memória.

Título: A INFOGRAFIA: O processo da sintetização da informação da linguagem verbal por meio do uso da infografia em tempo de Covid-19

Autor(a): Ronivon Leão da Silva Delfino
Orientador(a): Carla Montuori Fernandes
Data da defesa: 22/06/2021

Resumo: Nos modelos atuais de comunicação, o tempo tem papel de destaque. Porém, não é de hoje que o passar dos segundos, minutos, horas, dias, meses e anos ganha tamanha relevância na sociedade. Segundo Jacques Le Goff (2002), historiador francês especializado em história da Idade Média, a aparição do relógio no século XVI possibilitou a unificação dos tempos e a descoberta do mercado de valor do tempo, conferindo uma nova moral e uma nova piedade, onde perder tempo se converteu em um pecado grave e um escândalo espiritual. O contexto de valor do tempo, trazido pelo historiador francês, traz luz à ideia do tempo na produção e decodificação de produtos midiáticos. E essa é a intenção deste trabalho: apresentar como a linguagem infográfica vem sendo usada como ferramenta da comunicação, sendo que a própria infografia se tornou o tempo da mensagem, mediando a linguagem verbal por meio de um processo que facilita a interpretação e a compreensão da informação. É nítido que os meios jornalísticos se apropriam da linguagem infográfica para uma maior velocidade de transmissão da informação, como um fio condutor entre a linguagem narrativa verbal e a linguagem visual. Assim, a infografia vem sendo utilizada como um novo suporte de comunicação para o público não leitor, ou mesmo para leitores que precisam dos recursos visuais para compreenderem a informação e a decodificação da mensagem, tal qual pistas e fragmentos usados para se chegar a uma descoberta. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo trazer à tona um pouco da história da infografia, apresentar de forma acadêmica sua força no meio da comunicação e mostrar como o cotidiano está embebido dessa ferramenta, que muitas vezes não é facilmente identificada pelos leitores. Será abordado e identificado, como objeto de estudo, de que maneira o jornal O Estado de S. Paulo (OESP) utilizou o recurso da infografia para retratar conteúdos técnicos, científicos, estatísticos e geográficos que abordaram o tema do coronavírus (Covid-19), compreendendo o período de 25 de fevereiro de 2020 a 31 de julho de 2020. A pesquisa buscará responder como os distintos tipos de infografia foram absorvidos pelo jornalismo. Apesar de o objeto ser o jornal impresso do veículo em questão, a pesquisa também se valerá das veiculações digitais do OESP, devido aos jornais impressos no período terem sido suspensos por medidas de segurança. Por meio dessas pesquisas pode-se refletir sobre quais recursos gráficos foram usados na construção da narrativa técnica da pandemia da Covid-19. A amostra inicial se justifica na medida em que a data retoma o período considerado como início do surto de pandemia declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo também o começo de inúmeras medidas de isolamento adotadas nos principais estados brasileiros. O recorte se encerra no período em que se inicia a flexibilização das medidas de isolamento em várias regiões do País.

Palavras-chave: Infografia; Linguagem Visual; Design e Comunicação; Jornal O Estado de S. Paulo; Coronavírus; Covid-19.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.

Título: As Marcas Enunciativas do Negro Histórico no Jornal O Clarim da Alvorada

Autor: Edilson Cândido da Silva
Orientador: Antonio Adami
Data da defesa: 28/06/2021

Resumo: O Clarim da Alvorada, lançado em 1924 na cidade de São Paulo, faz parte da imprensa negra e a assunção do jornal é do negro que assume a voz e marca sua identidade no discurso. O tema é, então, a constituição do negro nas marcas das vozes enunciativas presentes nesse jornal e o problema de pesquisa consiste na pergunta se esse jornal, apesar de uma série de contradições, típicas de um jornal, foi criado para dar de fato voz ao negro, vendo-o como sujeito histórico. Pelo fato de o jornal em si fazer parte da cultura comunicacional de uma determinada época, cuja dimensão cultural-ideológica é a manutenção de uma hegemonia, levanta-se a hipótese sobre O Clarim, que, em seu propósito na construção do negro como sujeito histórico, rompe ou não o caráter estandardizado e redutor que favorece o status quo de uma sociedade ainda muito centralizada do início do século XX. Assim, o objetivo geral é contribuir com os estudos sobre o jornal O Clarim da Alvorada, especificamente sobre as vozes que marcam o negro histórico no jornal, e os objetivos específicos são identificar as vozes enunciativas do negro constituídas no jornal O Clarim da Alvorada; distinguir a voz autor que assume a escrita, gerencia linha editorial e a estrutura do jornal e faz referência às outras vozes do negro das vozes sociais, que são aquelas referenciadas pela voz do autor; relacionar as vozes – do autor e sociais – às posições sociais que marcam a identidade do negro no jornal. A abordagem metodológica é o materialismo cultural dos Estudos Culturais, para os quais a cultura é um espaço de intervenção política na realidade. O método de procedimento, por sua vez, é a análise cultural, cujas categorias são política, conjuntural e articula produção e consumo cultural aplicadas às vozes enunciativas tanto à voz do autor quanto às vozes sociais. As categorias são aplicadas para a identificação das vozes enunciativas que marcam a identidade do negro em O Clarim da Alvorada, delimitando-se à primeira edição de cada fase do jornal, a saber: 1ª fase do jornal: n. 1, 1924; 2ª fase do jornal: n. 1, 1928; 3ª fase do jornal: n. 1, 1940. O resultado é a confirmação do negro como sujeito histórico por meio das marcas enunciativas. Essas marcas mostram que a identificação do negro não é homogênea; ao contrário, a voz do negro é múltipla e assume diferentes posições sociais.       

Palavras-chave: O Clarim da Alvorada; Vozes Enunciativas; Sujeito Histórico.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia, Cultura e Memória.

Título: Rádio e Podcast na Educomunicação

Autor: Andréa Pereira
Orientador: Antonio Adami
Data da defesa: 30/06/2021

Resumo: Este trabalho, elaborado com base em revisão da literatura de autores versados no tema, é fruto de investigações sobre a inter-relação entre comunicação e educação. Hoje, é tanto notório como complexo o papel que a comunicação ocupa na educação. Em constante processo de transformação, segue um percurso que alimenta avanços teóricos e práticos na esfera do ambiente educativo. Constatou-se que a comunicação poderá contribuir para fortalecer o processo comunicativo na escola, e resgatar o interesse às aulas, e até mesmo promover a participação dos estudantes. Analisou-se também o papel do rádio e do podcast na educação. Considerando que os alunos em fase escolar estão habituados a uma série de canais de comunicação, como redes sociais, e-mails e aplicativos móveis, vê-se como possível a aproximação com o podcast ou rádio escolar, embora se reconheça que, para a formação integral, seja importante que os estudantes conheçam outros meios. Em muitas instituições, esses dois recursos de comunicação já são utilizados, auxiliando diretamente no processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Educomunicação; Rádio educativa; Podcasting.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia, Cultura e Memória.

Título: Estratégias Discursivas no Período Eleitoral de 2018 na Revista Veja: Sentidos em Disputa

Autora: Cristiane Furlan
Orientadora: Barbara Heller
Data da defesa: 30/08/2021

Resumo: O objetivo desta pesquisa é compreender as estratégias discursivas construídas pela revista Veja durante as eleições presidenciais de 2018 que trouxe à tona um candidato de extrema-direita, Jair Messias Bolsonaro, cujas posições autoritárias remetiam aos anos do Regime Militar (1964-1985), vivenciados no Brasil no mesmo período em que a revista foi fundada. Considerando-se que desde 2013 criou-se forte polarização entre os partidos de esquerda e os de direita, procuramos verificar de que maneira e sob quais aspectos a revista Veja contribuiu na disputa entre a esquerda, representada por Luiz Inácio Lula da Silva e, posteriormente, assumida por Fernando Haddad; e Jair Messias Bolsonaro, representando a direita. Formadora de opinião para seu público leitor, composto majoritariamente por homens e mulheres da classe média, a revista Veja é uma publicação semanal da Editora Abril e considera-se a maior revista do Brasil, com 556 mil exemplares em circulação nos formatos impresso e digital. Sendo assim, foram selecionadas algumas capas e cartas ao leitor publicadas entre 15 de agosto a 31 de outubro de 2018, além da “edição documento” veiculada um dia após a eleição presidencial, a fim de analisar a posição da revista em relação à escolha do candidato vencedor. A partir dos estudos de Mikhail Bakhtin, teórico da Análise do Discurso, e dos conceitos de carnavalização e dialogismo, entre outros pudemos concluir ao final das análises das capas e das cartas ao leitor que a revista Veja, apesar de afirmar-se democrática, não se apresentou imparcial durante o período eleitoral, apoiando mais as posições partidárias identificadas à direita.

Palavras-chave: Veja; análise do discurso; Bakhtin; esquerda; direita.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Narrativas da memória: representações, identidades e culturas.

Título: EM RITMO DE AVENTURA: consumo, classe média e poder no final dos anos 1960, a partir do filme de Roberto Farias

Autor: Fábio Dummer Camargo
Orientadora: Heloísa de Araújo Duarte Valente
Data da defesa: 25/10/2021

Resumo: Esta dissertação parte de uma análise do longa-metragem Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Farias, 1968), remontando ao cenário sócio-político-cultural que se amolda a partir do golpe civil-militar de 1964, nas metrópoles brasileiras. Tomando o filme por seu potencial enquanto documento histórico, analisa-se como o regime ditatorial se valeu da classe média brasileira para sua legitimação social usando, para isso, a expansão do consumo de bens e serviços por meio dos produtos culturais, com a finalidade de se consolidar. Partindo de critérios da análise fílmica dados por Aumont e Marie (2011), identificamos códigos visuais, narrativos e de trilha sonora que nos permitiram verificar que, para além da sua classificação como comédia musical de aventura, o filme encerra um sofisticado sistema de construção simbólica concebido pelo cineasta Roberto Farias. Nossa investigação aponta que, em troca de apoio institucional e comercial para a produção, o diretor ofereceu parceria ao Governo Federal e acabou angariando patrocinadores. A escolha do cantor Roberto Carlos, então ídolo da Jovem Guarda ultrapassa a demanda de promoção do artista. Esta pesquisa se apoiou nos estudos sócio-históricos de Daniel Aarão Reis (2014), Jessé Souza (2018) e Elio Gaspari (2002), entre outros. No campo das determinações mútuas entre a linguagem audiovisual e a música, intercruzamos com os elementos fílmicos a noção de paisagem sonora, de R. Murray Schafer (2001). Concluímos que as configurações da obra e das canções no campo sociocultural alçam Em Ritmo de Aventura da condição de mero produto cinematográfico para uma obra que refletiu, na esfera cultural, no sentido da mesma face diante do espelho, o clima de repressão e vigilância que o regime ditatorial impunha no final dos anos 1960, tendo sido usado para naturalizar tais expedientes enquanto os retratava em tom de comédia, o que confere ao filme significativo potencial de revelar aspectos ainda não explorados acerca do conturbado momento histórico em que foi produzido e lançado.

Palavras-chave: Roberto Carlos em Ritmo de Aventura; classe média; consumo; audiovisual: 1960.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Centro de Estudos em Música e Mídia