Estudo da infecção experimental pelo Encephalitozoon Cuniculi em camundongos Balb-c imunossuprimidos com Dexametasona ou Metotrexato

Obra: Estudo da infecção experimental pelo Encephalitozoon Cuniculi em camundongos Balb-c imunossuprimidos com Dexametasona ou Metotrexato
Autor: Maria Anete Lallo

Resumo

O microsporídio Encephalitozoon cuniculi tem sido reconhecido como um patógeno oportunista em indivíduos imunossuprimidos, tais como pacientes com AIDS. Animais naturalmente imunocomprometidos, tais como camundongos atímicos ou SCID, estabeleceram a base a partir da qual técnicas de diagnóstico, entendimento da patogênese e tentativas de tratamento da encefalitozoonose humana emergiram. O objetivo de nosso trabalho foi o de desenvolver animais farmacologicamente imunossuprimidos como modelo da infecção natural pelo E. cuniculi. Foram usados distintos grupos de camundongos Balb-C adultos imunossuprimidos com dexametasona (Dx, 20 mg/kg/dia, por via intraperitoneal – IP) ou metotrexato (Mx, 10 mg/kg, uma vez por semana, por via IP) e inoculados com esporos de E. cuniculi por via IP. Grupos controle (animais inoculados, mas não-imunossuprimidos, e animais imunossurpimidos, mas não-inoculados) foram também usados. Os esporos de E. cuniculi foram previamente cultivados em células MDCK. Os animais foram sacrificados e submetidos à necropsia aos 15, 30, 45 e 60 dias pós-inoculação. Fragmentos teciduais foram coletados e processados para análise por microscopia de luz, utilizando-se as técnicas de coloração de Gram-Cromotrope e de Hematoxilina-Eosina. Em todos os animais imunossuprimidos e inoculados, os achados de necropsia mais proeminentes foram hepato e esplenomegalia. A inoculação experimental resultou em uma infecção disseminada e não-letal, caracterizada por lesões granulomatosas em diversos órgãos (fígado, pulmões, rins, intestino, encéfalo), porém mais notadamente no tecido hepático. Esporos de E. cuniculi foram somente observados em poucos animais tratados com Dx e Mx a partir de 45 dias pós-infecção. Microsporidiose em camundongos imunossuprimidos com Dx ou com Mx fornecem assim um modelo útil para estudos da infecção por microsporídios, assemelhando-se àquela naturalmente observada em indivíduos imunodeficientes com AIDS.